O ex-senador e
ex-presidente da República, José Sarney, foi cáustico com o Governo da
presidente Dilma Rousseff ao falar sobre a decisão da Petrobras em
suspender a implantação da Refinaria Premium I no Maranhão. Nessa decisão, o
Ceará perdeu a Refinaria Premium II, programada para ser instalada no Pecém.
Sarney classificou a decisão da Petrobras de desprezo e ingratidão com o
Maranhão.
As críticas foram feitas no artigo que o ex-senador pelo Estado
do Amapá – Sarney é filho do Maranhão, mas após deixar a Presidência da
República, conquistou três mandatos pelo Amapá- publica semanalmente no
jornal “O Estado do Maranhão”, de propriedade de sua família.
O alvo principal da crítica foi
o cancelamento da
construção da refinaria Premium I, cuja obras estavam em andamento em Bacabeira
(53 km de São Luís).
“O Maranhão recebeu apático uma decisão que é uma manifestação
de discriminação, desprezo, ingratidão e injustiça. Que culpa tem o Maranhão
pela corrupção e pela bagunça da Petrobras? Pagamos nós pela Lava Jato!”,
questionou Sarney, seguindo: “O Maranhão esperou 30 anos por um grande projeto
de estrutura de base, para mostrar que o Brasil não pode continuar a ser dois
Brasis, um rico e um pobre.”
Ainda segundo o senador, é hora do Estado se unir para que as
obras sejam retomadas. Ele defende uma “luta” dos nomes maranhenses pela
retorno das obras. “Eu não aceito essa decisão de acabar com a refinaria em
nossa terra. Falta de dinheiro na Petrobras! Por que não abrir a empresas
estrangeiras a construção? Aí estão capitais chineses, americanos, ingleses,
holandeses, sauditas, árabes e tantos outros. Posso não estar mais vivo, mas
sei que, se mantivermos a luta, classes empresariais, povo, governo, todos
unidos, essa decisão será revertida e um dia vamos ver a refinaria do
Maranhão”, escreveu.
Segundo dados de balanços da Petrobras, a refinaria Premium 1 já
teve investimentos federais, desde 2007, de R$ 1,8 bilhão –em valores
não-atualizados monetariamente.
Além da obra no Maranhão, a Petrobras também anunciou que
desistiu da refinaria Premium 2, no Ceará, que já teve mais de R$ 1 bilhão em
investimentos.
Em nota, o governo do Maranhão –comandado por Flávio Dino
(PCdoB), opositor histórico dos Sarney– também criticou o governo federal e
disse está “pronto a dialogar com a Petrobras para a retomada de investimentos
no Maranhão, sendo sanados os erros técnicos do projeto original, que não são
de responsabilidade do povo maranhense.”
Política econômica “hostil”
As críticas do ex-senador e aliado da presidente não se
restringiram à refinaria e chegaram à política econômica de Dilma.
“Os fundos de participação dos Estados são contidos em limites
precários, incapazes de fazer a diferença. Não há incentivos efetivos aos
empréstimos dos bancos de desenvolvimento, como taxas de juro diferenciadas das
dos estados ricos. A área econômica do governo é indiferente, ou mesmo hostil,
a medidas que possam fazer os estados pobres competitivos, capazes de atrair
investimentos que normalmente vão para os estados ricos”, alegou Sarney.