Em dura
crítica, papa diz que corrupção 'fede'
Em visita pastoral
a Nápoles, o papa Francisco fez uma dura crítica neste sábado (21) à máfia e à
corrupção, pedindo para os moradores locais reagirem à presença da Camorra, que
atua na região sul do país. "A corrupção fede e a sociedade corrupta fede.
Um cristão que deixa a corrupção entrar em si, não é cristão, fede",
afirmou o papa, logo ao chegar ao bairro de Scampia, pela manhã.
"Nenhum de nós pode dizer 'nunca serei
corrupto'. É uma tentação, um escorregão em direção ao dinheiro fácil, à
delinquência, à corrupção. Há tanta corrupção no mundo!", acrescentou.
Scampia é um bairro periférico do norte de Nápoles
e tradicionalmente ligado à Camorra, organização mafiosa que atua na venda de
drogas e de comércio ilegal. Em seguida, ao celebrar uma missa para cerca de 60
mil pessoas na Praça do Plebiscito, um dos pontos mais famosos de Nápoles, o
papa pediu que a população reaja e que os mafiosos se convertam a Deus.
"Caros napolitanos, não deixem que roubem suas
esperanças. Não cedam à tentação de dinheiro fácil. Reajam com firmeza às
organizações que se aproveitam e corrompem os jovens, os pobres, os
necessitados, com o cínico comércio da droga e com outros crimes. Não deixem
que a juventude seja aproveitada por essa gente", criticou Francisco.
"Aos criminosos e todos seus cúmplices, eu
peço humildemente hoje, como irmão: convirtam-se ao amor e à justiça, deixem se
encontrar pela misericórdia de Deus. Sejam conscientes de que Jesus está
procurando vocês para amá-los cada vez mais", disse.
Durante sua visita à Nápoles, o líder da Igreja
Católica também ouviu relatos de uma imigrantes filipina e de um italiano
desempregado, representando dois outros problemas que atingem o sul da Itália:
imigração e desemprego.
"Os imigrantes são como nós. Somos todos
migrantes e filhos de Deus. Estamos todos no mesmo caminho. Se fecharmos as
portas aos imigrantes, se tirarmos o trabalho e a dignidade deles, isso é
corrupção", afirmou Francisco.
Esta é a sétima viagem pastoral de Francisco a
cidades italianas, em mais uma demonstração da preocupação do papa com as
regiões sul do país, historicamente as que apresentam mais problemas econômicos
e de marginalização.
Em Pompeia, Francisco visitou o Santuário da cidade
para rezar pela Virgem do Rosário. Em seguida, visitou o bairro de Scampia e se
reuniu com a população local. Na Praça do Plebiscito, Francisco presidiu a
celebração eucarística antes de visitar a penitenciária Giuseppe Salvia e
almoçar com detentos. Ele se sentou à mesa com 12 presidiários, entre eles um
argentino. Ao todo, 120 detentos participaram do almoço, alguns deles
transexuais.
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